Estoque zero: verdade ou mito?

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September 22, 2020

A pandemia da Covid-19 e as medidas de distanciamento social vêm causando grandes impactos no comércio, colocando uma pressão ainda maior nas receitas das empresas varejistas. Isso porque, além do desafio de sobreviver à crise, agora, as companhias do setor precisam lidar com outro problema: a abundância de produtos estocados em toda a cadeia de suprimentos. Mas, será que é possível trabalhar com estoque zero?

A boa notícia é que há uma combinação de fatores que podem ajudar os líderes a resolver o problema do excesso de estoque e livrar o supply chain da sobrecarga. Pensando nisso, separei algumas recomendações que podem contribuir de maneira efetiva para solucionar ou pelo menos, amenizar o problema.

Neste artigo, vou abordar o conceito de estoque zero, comentar sobre algumas possibilidades para a redução na estocagem e os benefícios de trabalhar com o modelo just in time. Continue a leitura para saber mais!

O conceito de estoque zero

Na indústria, esse conceito se refere à manutenção do estoque de insumos, como matéria-prima, material auxiliar e de embalagem, na planta industrial ou em suas proximidades, em instalações de terceiros. Nesse caso, a compra só é efetuada quando necessária para a linha de produção, e o pagamento ao fornecedor ocorrerá somente quando o insumo for utilizado.

No comércio, assim como em outros segmentos, o conceito de estoque zero se refere à compra imediata de materiais ou produtos somente quando necessário, ou seja, quando a venda for efetuada. Exemplo disso é uma concessionária que vende um automóvel, mas não tem estoque a pronta entrega. Nesse caso, ela só vai comprar da montadora após a concretização da venda.

As possibilidades para trabalhar com estoque zero (ou reduzido)

Independentemente do segmento do negócio, é fundamental ficar atento às mudanças econômicas e sociais, e ser flexível para redirecionamentos. Isso significa que, em tempos de economia instável, como a imposta pela Covid-19, é fundamental estar preparado para inovar e se reinventar, atuando de outras formas.

Assim, podemos dizer que é possível trabalhar com estoque zero ou, pelo menos, com a sua redução, implementando algumas alterações no modo como trabalhamos. É aplicar um novo olhar ao antigo, projetando novas possibilidades. A seguir, veja alguns exemplos que listamos.

Faça parcerias

As organizações podem trabalhar em conjunto com fornecedores para cancelar pedidos ou, simplesmente, postergar. Enquanto alguns varejistas estão sentados em seus pedidos, outros estão preocupados em realizar uma boa gestão do seu estoque e têm optado por investir na parceria com fornecedores para devolver mercadorias, especialmente, estoque básico, que pode ser reordenado e vendido posteriormente.

Nem todas as companhias que trabalham na cadeia de suprimentos adotam esse nível de parceria, visto que também foram afetadas pela crise, mas podem estar dispostas a negociar agendas de pagamento para preservar o relacionamento comercial.

Aposte em promoções para vendas imediatas

A melhor abordagem para evitar prejuízos com estoque encalhado é investir em uma política de promoções, descontos, frete grátis ou alguma oferta de produto que não foi divulgado recentemente. Adicionalmente, os varejistas podem realizar as promoções por meio de aplicativos, mídias sociais, e-mails, ampliando a presença da marca no mundo digital.

Acredite na economia colaborativa

A economia colaborativa também é uma opção para ajudar com as vendas imediatas. As redes do varejo físico podem compartilhar o inventário com empresas de e-commerce, que terão acesso à base de clientes e poderão liquidar a lista de itens em promoção de maneira mais rápida. Essa abordagem também dará condições para as companhias trabalharem com o chamado “just in time”, ou seja, produção somente por demanda.

Descubra o poder da “entrega no mesmo dia”

Como o nome já revela, essa é a prática de levar o produto no mesmo dia em que foi adquirido pelo cliente, mudando a logística de entrega. Trata-se de uma excelente estratégia para reduzir estoque e, também, para atender a uma demanda de clientes que não têm mais o contato com as lojas por conta do isolamento social.

Alcançar consumidores somente da maneira tradicional não cabe mais no atual cenário. Por esse motivo, muitos empresários começaram a oferecer esse serviço agilizado, provando que atendimento flexível sempre é uma boa abordagem para atender às demandas, bem como gerar receitas e atingir o desejado “estoque zero”. Além disso, pode ser adotado por pequenas e grandes empresas.

Considere ser mais solidário e faça doações

As crises também são acompanhadas de solidariedade. Um levantamento realizado pela Stone, fintech do segmento financeiro, comparou as principais mudanças de hábitos de compra do brasileiro, bem como em relação aos itens consumidos. A pesquisa se concentrou no período pré-quarentena, representado pelos meses de janeiro a março de 2020, e durante a quarentena, de maio a abril do mesmo ano.

A análise apontou um crescimento de 192% nas doações online, reforçando o entendimento de que a pandemia potencializou uma situação que já era dramática. Muitas famílias perderam parte ou toda a renda devido à crise, sendo obrigadas a contar com ajuda de doações. Já os hospitais, nos limites de suas ocupações, também precisam de alimentos, além de itens de limpeza e higienização.

É fato que uma empresa não sobrevive sem lucratividade — ela que norteia o caminho a seguir. Mas em tempos difíceis como esse, as marcas podem investir um pouco da sua energia em generosidade. Saiba que essa é uma das atitudes observadas pelos consumidores quando são perguntados “o que você valoriza em determinada marca?”. Por fim, é possível trabalhar em colaboração, ser solidário e ainda transformar em realidade o desejo de zerar o estoque.

Faça dropshipping

O termo dropshipping pode ser traduzido como “envio solto”, uma técnica de logística que possibilita trabalhar com estoque zero. Funciona da seguinte maneira: a loja recebe o pedido e encaminha as informações para o fornecedor que, por sua vez, fica responsável por toda a logística de separação e envio.

Nesse modelo, o lojista fica livre não apenas da estocagem, mas também, de todo o fluxo de postagem das entregas. Assim, sobra mais tempo para se dedicar a outros aspectos do negócio, como vendas, marketing e atendimento. Os principais benefícios que ele oferece são:

  • exigência de menos capital — não é necessário investir em estoques;
  • facilidade para iniciar o negócio online — sem preocupação com estoques, é possível se dedicar ao aprimoramento e aumento das vendas;
  • flexibilidade regional — consegue atender às demandas de qualquer região;
  • possibilidade de aumentar o leque de produtos — como não é necessário ter o produto fisicamente para ofertá-lo, é possível vender alguns itens menos procurados ou testar um mix de produtos para a loja virtual.

Adote o modelo just in time

Um dos modelos mais divulgados sobre gestão de estoque é o just In time (no momento), cujo conceito orienta que as empresas devem manter o estoque mínimo. Trata-se de uma estratégia muito utilizada para a redução dos custos com armazenagem e gerenciamento da estocagem.

Esse sistema permite a redução de prejuízos quando há flutuações negativas na demanda. Nos casos de variações positivas, o modelo orienta parcerias com fornecedores ágeis, a fim de não perder oportunidades.

Use a curva ABC para o controle do estoque

É possível controlar o estoque em cenários como o da pandemia por meio da curva ABC, representada por um gráfico que demonstra a composição do estoque conforme a importância dos itens para o resultado da empresa. Esse é um conceito de classificação com base no faturamento, lucratividade e giro dos produtos, divididos em três grupos:

  • classe A — produtos que geram mais lucro e são imprescindíveis para o faturamento da empresa, fazendo com que o seu giro corresponda a 20% do total oferecido pelo estabelecimento, representando 80% da receita;
  • classe B — produtos que podem ser considerados de média importância, com uma proporção de 30% do total de itens, correspondendo a 15% do valor das vendas;
  • classe C — refere-se à maior parte dos produtos, com baixa taxa de lucro, correspondendo a 50% do que é oferecido, mas que garante somente 5% do valor total da receita.

Dessa forma, utilizar a curva ABC no controle de estoque permite uma noção clara sobre quais produtos são mais importantes para a empresa e os que não são. Isso evita prejuízos e equilibra o estoque conforme as demandas.

Em momentos de pandemia, como o que estamos enfrentando, é fundamental priorizar a classe A de produtos e reduzir o estoque ou, até mesmo, zerar os das curvas B e C. O importante é ter foco no essencial.

Faça da tecnologia a sua principal ferramenta de logística

Uma das maiores transformações que a pandemia trouxe para o setor logístico tem uma relação direta com a tecnologia. É por meio da digitalização e da automatização de processos repetitivos e burocráticos de controle do estoque que o varejo consegue atender às demandas dos clientes.

É preciso ajustar os modelos existentes, e a melhor alternativa é utilizar uma ferramenta de planejamento de demanda que seja mais flexível e altamente adaptável às mudanças de comportamento do consumidor. As soluções de software de gestão de supply chain suportam diferentes modelos de projeção e conseguem realizar alterações, conforme as mudanças de cenário, de maneira ágil.

Trabalhe como afiliado

Uma alternativa para vender sem estoque é se tornar um vendedor afiliado de sites de grandes varejistas no ambiente digital. Exemplos disso são empresas como Americanas e Amazon. Nesse sistema de marketing, os vendedores recebem uma comissão a cada venda fechada a partir dos links criados com uma identificação individual.

Embora haja uma grande vantagem com o estoque zero, o afiliado precisa investir em sua rede de contatos e fazer uma divulgação criativa de suas ofertas. Os canais mais utilizados para compartilhar links e ganhar visibilidade são:

  • redes sociais;
  • newsletters;
  • grupos em aplicativos de mensagem.

Os benefícios de trabalhar com estoque reduzido no sistema just in time

No sistema just in time, o estoque é considerado investimento morto ou desperdício por gerar custos desnecessários. Nesse sentido, trabalhar com estoque reduzido proporciona diversos benefícios, principalmente, em relação à redução de custos com estocagem, como:

  • aluguel;
  • aquisição de imóvel;
  • mão de obra — para controle e movimentação de estoque;
  • seguro;
  • capital para aquisição de estoque;
  • higiene e limpeza.

Além disso, a empresa consegue eliminar diversos riscos relacionados a:

  • furto;
  • roubo;
  • incêndio;
  • deterioração.

O sistema just in time permite atender à demanda real do cliente e reduzir a quantidade de produtos parados. Poder armazenar apenas o essencial também ajuda a melhorar o fluxo de caixa, o armazenamento e o transporte. Dessa forma, os recursos e espaços, que antes seriam necessários para a estocagem, são liberados para serem reaproveitados de outras formas.

Melhor e maior controle sobre a produção

Esse é um aspecto fundamental que possibilita uma resposta rápida ao mercado quando as necessidades dos consumidores se alteram. Com isso, a empresa consegue se adequar mais rapidamente para atender a uma nova demanda.

Como você viu, trabalhar com estoque zero é viável para alguns segmentos e traz inúmeros benefícios, principalmente, os relacionados aos investimentos em produtos que podem ficar parados, bem como aos custos com estocagem. O importante é saber adequar a ferramenta a ser utilizada para os objetivos estabelecidos, bem como usar a tecnologia para otimizar a logística.

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